sábado, 16 de outubro de 2010

DESVENDANDO O INCONSCIENTE ATRAVÉS DOS SONHOS.

Os sonhos sempre exerceram fascínio na humanidade e a oniromancia (do grego oneiros e manteia = leitura dos sonhos) é prática encontrada nas sociedades desde a antiguidade, inclusive entre os egípcios e, particularmente, entre os judeus do Antigo Testamento. Basta fazer a leitura no livro de Gênesis da biografia do patriarca José para ver a importância da decifração dos sonhos no contexto bíblico.


Hoje em dia, diferentes linhas terapêuticas utilizam os sonhos como estruturas importantes no processo terapêutico. É importante, desta maneira, buscar-se uma formalização para os seguintes aspectos:

*o que são sonhos?

*quais as formas possíveis de se interpretarem os sonhos?

“O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”, escreveu Freud em A Interpretação dos Sonhos (Die Traumdeutung) . O livro levou dois anos (1898 e 1899) para ser escrito e nele Freud edificou os principais fundamentos da teoria psicanalítica, constituindo como o ponto de apoio para todo o desenvolvimento posterior da sua obra. Para Freud, a essência do sonho é a realização de um desejo infantil reprimido. E foi a partir desse princípio que ele elaborou as bases do método psicanalítico.

O sonho é justamente o fenômeno da vida psíquica normal em que os processos inconscientes da mente são revelados de forma bastante clara e acessível ao estudo. Na concepção freudiana, o sonho é um produto da atividade do Inconsciente e que tem sempre um sentido intencional: a realização ou a tentativa de realização, mais ou menos dissimulada, de uma tendência reprimida. Assim, os sonhos revelam a verdadeira natureza do homem, embora não toda a sua natureza, e constituem um meio de tornar o interior oculto da mente acessível ao conhecimento.

Sonho após sonho se faz presente; até que um desses nos permita interpretar seu sentido e despertar do sonho em que estávamos imersos.

Assim sendo, a interpretação dos sonhos revela, sobretudo, os conteúdos mentais, pensamentos, dados e experiências que foram reprimidos ou recalcadas, excluídos da consciência pelas atividades de defesa do ego e superego e enviadas para o inconsciente. A parte do id, cujo acesso à consciência foi impedido, é aquela que se encontra envolvida na origem das neuroses. Portanto, o interesse de Freud pelos sonhos teve origem no fato de constituírem eles processos normais, com os quais todos estão familiarizados, mas que exemplificam processos atuantes na formação dos sintomas neuróticos. Surge o sonho numa zona congestionada do entrelaçamento dos campos, de onde resulta que seu conteúdo exprima regras relacionadas a distintos temas psíquicos simultaneamente; por isso não possui um só sentido latente, mas uma rede de significações emocionais, o sonho é um momento diagnóstico por excelência, identifica o sujeito.

Não é absurdo pedir explicações e associações ao paciente que conta um sonho. É importante tratar o sonho como episódio distinto e fenômeno único.

O sonho é a realização de um desejo, um temor realizado, uma reflexão ou uma lembrança. O sonho de conveniência satisfaz seus desejos e necessidades. A transformação de representações em alucinações não é o único aspecto em que os sonhos diferem de pensamentos correspondentes na vida de vigília. Os sonhos constroem uma situação a partir dessas imagens; representam um fato que está realmente acontecendo, eles “dramatizam” uma idéia. Essa faceta da vida onírica, entretanto, só pode ser plenamente compreendida se reconhecermos, além disso, que nos sonhos — via de regra, pois há exceções que exigem um exame especial — parecemos não pensar, mas ter uma experiência: em outras palavras, atribuímos completa crença às alucinações. Somente ao despertarmos é que surge o comentário crítico de que não tivemos nenhuma experiência, mas estivemos apenas pensando de uma forma peculiar, ou, dito de outra maneira, sonhando. É essa característica que distingue os verdadeiros sonhos do devaneio, que nunca se confunde com a realidade.

A fonte de um sonho pode ser:

a) Uma experiência recente e psiquicamente significativa, que é diretamente representada no sonho.

b) Várias experiências recentes e significativas, combinadas numa única unidade pelo sonho.

c) Uma ou mais experiências recentes e significativas, representadas no conteúdo do sonho pela menção a uma experiência contemporânea, mas irrelevante.

d) Uma experiência significativa interna (por exemplo, uma lembrança ou um fluxo de idéias), que é, nesse caso, invariavelmente representada no sonho por uma menção a uma impressão recente, irrelevante.

A maioria dos sonhos mostra metaforicamente o que se passa na vida atual e relata uma situação corrente, uma luz nova que traz crescimento.

Segundo as tendências atuais, é preciso partir das seguintes premissas para se interpretar um sonho:

a) Apresenta-se simbólico ou em linguagem metafórica;

b) É um evento espiritual (é a voz da alma);

c) Proporciona cura e totalidade;

d) Liberta energia ou introvisão;

e) Permite ao ego despertado estabelecer uma relação mais profunda com o eu;

f) À luz do crescimento espiritual, o sonho é visto como uma pergunta e não como uma resposta;

g) É incompleto sem o trabalho com o conteúdo aflorado;

h) Tem como propósito elevar o nível de consciência;

i) O trabalho com os conteúdos proporciona um modo de canalizar energia e introvisão para a vida diária.



Muitos sonhos refletem as experiências que aconteceram nos últimos dias do cotidiano, enquanto outros parecem criar novas experiências. Tais sonhos parecem ajudar no futuro do indivíduo e geram novas idéias ou promovem insights que serão de grande valia para a vida consciente. Esses sonhos promovem o movimento inicial que é necessário na articulação de um novo mito pessoal tanto quanto a reflexão de um mito já existente. Sonhos deste tipo são denominados de sonhos exóticos, pois parecem estranhos e não-usuais, não perdendo, entretanto o seu valor e beleza. Há diferentes tipos de sonhos exóticos:



SONHOS LÚCIDOS

São os sonhos que se caracterizam pela aparente percepção de que o sonhador se encontra consciente de que está sonhando durante o sono. Algumas vezes, o sonhador é capaz de controlar o sonho, modificar, direcionar. Em outras vezes, o sonhador sabe que está sonhando, mas não é capaz de influenciar o que está ocorrendo.



SONHOS FORA DO CORPO

Para este tipo de sonhos, deve-se partir de uma premissa: existe um corpo sutil capaz de se separar do corpo físico sob certas circunstâncias.

A diferença entre este tipo de sonho e o sonho lúcido está em que no sonho lúcido, o sonhador tem a convicção de que os eventos estão ocorrendo num sonho, enquanto que no sonho fora do corpo, o indivíduo está convencido de que o evento está acontecendo num mundo físico e não num sonho.



SONHOS DE CURA

Estes sonhos apresentam registros históricos de longa data. Um estudo do psiquiatra russo Vasily Kasatkin, durante 28 anos e análise de mais ou menos 8000 sonhos permitiu formalizar este tipo de sonho. Verificou que o sonho pode indicar o início de uma doença com vários meses de antecedência.



SONHOS COLETIVOS

Estes sonhos apresentam-se de duas formas possíveis:

• Sonhos mútuos: duas pessoas têm sonhos com conteúdos similares numa mesma noite;

• Sonhos compartilhados: duas ou mais pessoas têm o mesmo sonho em tempo e espaço comuns.



SONHOS ANÔMALOS

Estes sonhos agrupam as seguintes categorias:

• Sonhos telepáticos;

• Sonhos clarividentes;

• Sonhos precognitivos.



PESADELOS

Os pesadelos são mais comuns em crianças do que em adultos. São sonhos nos quais o sonhador sente-se indefeso diante do perigo e experimenta medo e ansiedade terríveis. Pesadelo vem de peso. São inofensivos, mas se tornarem freqüentes e suficientemente intensos pode perturbar a ordem do sono e produzir insônias.

PALESTRA GRATUITA DIA 22 DE OUTUBRO DE 2010 AS 19,30 AS 20,30 HORAS.
Psicanalista José Luiz Pires Camacho